Investimento privado deverá levar a um aumento da oferta perante perspetiva de população envelhecida duplicar até 2050
A Cushman & Wakefield, consultora líder global em serviços imobiliários, realizou, recentemente, um estudo sobre o mercado de residências seniores na Europa. Os resultados espelham o envelhecimento dos países europeus e coloca países, como Portugal, com falta de meios para dar conta do acelerado envelhecimento da sua população.
O estudo, realizado pelas equipas de Valuation & Advisory e Development & Living, da Cushman & Wakefield, reconheceu a percentagem média de europeus com mais de 80 anos nos 6%, estando Portugal acima da média – com 700 mil (6.6%) de cidadãos com esta idade.
Os dados analisados indicam que este valor deve aumentar consideravelmente nos próximos anos, em Portugal, com 12.7% da população a alcançar os 80 anos até 2050. Isto faz com que Portugal, em conjunto com países como a Itália, ou Espanha, tenha de fortificar a sua oferta de acomodação sénior para garantir o bem-estar e a qualidade de vida da população envelhecida, uma vez que, no momento, o país apenas conta com 102.300 mil camas, distribuídas por 2.540 lares/residências seniores (públicos, sem fins lucrativos e particulares).
Apesar da maioria do mercado ainda ser dominado por instituições sem fins lucrativos, o privado já é responsável por 27% das camas disponíveis para acomodação dos idosos, e a tendência é que o investimento internacional comece a ganhar mais peso nas residências seniores nacionais - com as prime yields para imóveis ligados ao sector da saúde a serem estimados em cerca de 5% em 2021, enquanto os escritórios e retalho atingiram cerca de 3,75% e 4,25%, respetivamente.
Os quatro maiores operadores privados em Portugal deste mercado, que gerem um total de 2.440 camas, divididas por 28 unidades de residências seniores, são o grupo Residências Montepio, Orpea, Naturidade e o Domus VI.
Para Ricardo Reis, Diretor do departamento de Avaliação & Advisory da Cushman & Wakefield Portugal “temos verificado um interesse crescente na área de acomodação sénior devido à conjuntura demográfica do nosso país, e à falta de oferta, pelo que acreditamos que iremos verificar um aumento do investimento privado na área, sendo esta perspetiva facilmente verificada pelos valores mais recentes: o volume de investimento em imóveis leigados ao sector da saúde, em Portugal, duplicou de 125 milhões de euros em 2020, para cerca de 250 milhões de euros, em 2021.”
Ricardo Reis defende ainda que “o país tem de se preparar para o crescimento do número de idosos a carecerem de alojamento, e oferecer-lhes condições que lhes permita ter uma vida digna. A solução poderá passar pela sinergia e expansão das entidades já presentes no mercado nacional. Contudo, será necessário um plano público bem estruturado de estímulo (incentivos) ao desenvolvimento público e privado, combinado com o apoio às famílias portuguesas”.
Existem apenas 102.300 camas para dar resposta à elevada procura por residências seniores
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